BULLYING (I): Problema ou Sintoma?

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No passado dia 17 de Abril, decorreu o Seminário “Violência e Maus Tratos nas Crianças e nos Jovens: o Desafio da Proteção”, organizado pela CPCJ da Amadora e inserido numa série de ações desenvolvidas a propósito do Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância.

Participei neste seminário, em representação da nossa colega Tânia Paias e do Portal Bullying, com o tema “Bullying: Violência/Agressividade Vs Cooperação”, a propósito do qual partilho algumas reflexões. Sempre houve bullying, embora se registe um aumento que não parece ser devido apenas a um maior mediatismo da problemática.

Importa refletir se o bullying é um problema ou um sintoma. Um sintoma de uma sociedade mais violenta e marcada pela impulsividade, dirigida mais para o agir e pouco para o pensar e para o sentir. O menor acompanhamento familiar é cada vez mais evidente e os estilos parentais tendem a características muito antagónicas nas nossas crianças: de um lado temos crianças omnipotentes e sem limites, do outro temos crianças sobreprotegidas, com pouca autonomia emocional e reduzida capacidade para se defenderem. Existe ainda uma iliteracia emocional, associada a uma menor comunicação e partilha afetiva, bem como a valores sociais mais frágeis e a um maior individualismo, que tendem a conduzir a uma menor empatia. É talvez por estes motivos que vamos verificando também uma psicopatologia infantil mais grave e mais instalada.

Atrevo-me, portanto, a dizer que o Bullying é um sintoma, traduzido por alterações emocionais tanto no agressor, como na vítima.

Tendo em conta que foi para mim uma surpresa o facto de alguns participantes terem ficado surpreendidos com o facto de se reconhecerem algumas fragilidades emocionais prévias na maior parte das vítimas, que de certa forma as deixa mais vulneráveis ao Bullying, este será um tema a desenvolver nas próximas semanas.

Publicado originalmente no Psisalpicos


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